A Bíblia está cheia de pessoas iguais a mim e a você: imperfeitas e pecadoras. Ela conta a história de vida de vários heróis da fé que, assim como nós, pecaram. A saber, Abraão que mentiu; Jacó que se passou pelo irmão mais velho para usurpar a progenitura; Moisés que matou; Davi que adulterou e também matou, entre outros. Mas, o que torna tais pecadores exemplos de fé a ser seguido? É que todos perseveraram, apesar das circunstâncias.
Admiro todos os herois da fé, do Antigo ao Novo Testamento. Entretanto, a história de Samuel me impactou de maneira especial. Devido a sua história, apaixonei-me por seu nome.
Discurso de despedida de SAMUEL
“Eis-me aqui; testificai contra mim perante o SENHOR, e perante o seu ungido, a quem o boi tomei, a quem o jumento tomei, e a quem defraudei, a quem tenho oprimido, e de cuja mão tenho recebido suborno e com ele encobri os meus olhos, e vo-lo restituirei..” (1 SM 12: 3)
Perguntas desafiadoras e ousadas perante Israel. Discurso digno de quem tem certeza absoluta de seu caráter impoluto e honradez inconteste. Como juiz que era, ele havia julgado a todos com justiça. Nunca enganou ou oprimiu alguém, nem aceitou suborno para julgar inocente aquele que era culpado. Todo o povo, inclusive aquele a quem ele tinha imposto castigo, o consideravam inocente, um homem integro!
Como seria bom se todos os juízes e lideranças mundiais pudessem, sem temor e receio, fazer um discurso público desse acerca de sua integridade e justiça.
Samuel era um homem de coração reto, cheio de Deus e da Palavra de Deus. Ele não se contentou só com o testemunho do povo que ratificou sua honradez, honestidade e justiça. Ele queria ser julgado por Deus em tudo que dissera. Então, na estação seca, Deus aprova Samuel com trovões e chuva legitimando tudo que ele falara .
“Então, invocou Samuel ao SENHOR, e o SENHOR deu trovões e chuva naquele dia; pelo que todo o povo temeu em grande maneira ao SENHOR e a Samuel.” (I Samuel 12:18)
Em cada situação simples ou complexa, em cada momento sozinho ou acompanhado, envolvendo pouca ou muita coisa valiosa, nunca houve injustiça ou corrupção. Deus, que tudo sabe e tudo vê, aprovou Samuel.
QUEM É SAMUEL?
Filho de Ana e Elcana. Seu pai tinha duas mulheres: Ana e Penina. Como sua primeira esposa Ana não lhe dava filhos, ele se casou com Penina, que lhe deu muitos descendentes. Ana era a esposa a quem ele mais amava. Tal fato causava ciúmes e raiva em Penina, que falava duramente com Ana dizendo que filhos eram bênçãos de Deus e que ela não tinha nenhum. Ana chorava sentindo-se humilhada e pedia a Deus um bebê!
Como a família de Elcana morava longe, eles iam apenas uma vez por ano ao tabernáculo em Siló com um cordeiro para sacrificar e com uma oferta de gratidão. Durante a refeição, Elcana alimentava Penina e seus filhos, mas era a Ana a quem ele dava porções dobradas, pois a amava mais. Isso incitava o ódio de Penina que persistia em dizer a Ana que Deus não a amava, pois não lhe concedia filhos. Ana apenas chorava e não comia. Todo ano acontecia a mesma coisa com ela. Seu sofrimento só aumentava.
Um ano, após as refeições, Ana não suportou as acusações de Penina e foi ao tabernáculo falar com Deus. Ela orou apenas mexendo os lábios, nenhum som saía de sua boca. Ela pediu a Deus um filho homem e prometeu que seu filho serviria a Deus em toda sua vida.
Eli, sacerdote e também juiz de Israel na época, ao observar os modos de Ana, achou que ela estivesse embriagada. Com lágrimas nos olhos ela disse a ele que não estava bêbada, apenas pedia um filho a Deus e o prometia ao Senhor. Eli a abençoou e pediu que Deus lhe desse um filho conforme pedira!
Ao chegarem em casa, Deus lembrou-se de Elcana e Ana, dando-lhes um filho, que ela chamou de SAMUEL. Pois ela disse: “- Eu o pedi ao Senhor”. Durante algum tempo, Ana permaneceu em casa cuidando de seu filho, só retornando ao tabernáculo em Siló quando Samuel já estava grande o suficiente para comer e se vestir sozinho.
Quando retornou ao tabernáculo, ela mostrou Samuel a Eli e disse que assim como Deus havia respondido sua oração, ela cumpriria sua promessa a Deus. Então, Samuel ficou com Eli no tabernáculo para viver e servir a Deus lá. Deus agraciara Ana com mais três filhos e duas filhas.
O sacerdote Eli era um homem puro, mas fazia vistas grossas à impiedade de seus filhos. Um homem de Deus alerta Eli sobre o que iria acontecer em sua casa devido a sua omissão quanto às transgressões de seus filhos Hofni e Fineias. Enquanto isso, Samuel crescia em estatura e graça diante do Senhor e dos homens.
Certo dia, enquanto Samuel dormia, o Senhor o chama e ele responde: “Eis-me aqui” e corre até Eli, achando que este é que o havia chamado. Por três vezes o Senhor o chama e ele responde “Eis-me aqui” e corre até Eli. Somente da terceira vez que Eli compreende que o Senhor chamava o menino. Ele disse a Samuel: “- Vai deitar-te, e há de ser que, se te chamar, dirás: Fala, Senhor, porque o teu servo ouve”. (1 Samuel 3:9)
O Senhor tornou a chamar e Samuel respondeu: - Fala, porque teu servo ouve. Então, através dele o Senhor ratificou a sentença contra a casa de Eli. A princípio Samuel hesitara em transmitir a Eli a mensagem que recebera. Eli insiste e ele conta tudo, dizendo que o próprio Eli já sabia do que se tratava. Assim, os dois filhos de Eli foram mortos pelos filisteus, que capturaram a arca da aliança, e Eli caiu morto ao receber tal notícia. O pecado de Eli foi castigado com a retirada do Sumo Sacerdote da sua linhagem (1Reis 2: 26,27) , tendo seus descendentes vida curta, tanto que seus dois filhos morreram juntos.
A esperança em Samuel amenizou os anos difíceis do período. Ele renovou a aliança do povo com Deus, trazendo-o de volta à adoração ao Deus Altíssimo. Também saiu vitorioso em Ebenézer, na batalha contra os filisteus. Ele organizou as escolas dos profetas e julgou Israel durante toda a sua vida. Já envelhecido, constituiu seus dois filhos, Joel e Abias, por juízes sobre Israel. Seus filhos julgavam em Berseba e ele em Ramá. Entretanto, seus dois filhos não eram exemplo de retidão, eles pervertiam a justiça e se desviavam com o lucro.
Os anciãos de Israel disseram a Samuel em Ramá: - “Eis que já estás velho e teus filhos não andam nos teus caminhos. Constitui-nos pois um rei para nos julgar, como o tem todas as nações” (1 Samuel 8).
Pareceu mal aos olhos de Samuel tal pedido. Deus respondeu a oração dele dizendo que eles não haviam rejeitado a Samuel, mas a Ele, o próprio Deus. Então, Samuel preparou o caminho para a monarquia e a introduziu, ungindo o primeiro rei chamado Saul.
Como Israel já tinha um rei para governá-lo e julgá-lo, Samuel despedi-se do povo com um discurso desafiador.
Após o rei Saul ser rejeitado por Deus devido a sua desobediência, Samuel unge secretamente Davi, que se tornou, após alguns anos, o segundo rei de Israel. Aos 89 anos Samuel morre, antes de Davi ser confirmado como rei.
Deusiana Sales
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